"Êta, égua", como estou danado de contente
pois "entonce ocê viu", tinham falado que ninguém ia ler as besteiras
que escrevo. Mas graças a Deus ainda há muita gente consciente e interessada
pelo que se passa em minha cidade e também sobre diversos posicionamentos a
respeito da vida.
Estava eu a escutar músicas de Chico Buarque
de Holanda, quando me chamou atenção o texto de Geni e o Zepelim e notei que o
contexto se assemelha em muito com a situação e o viver de algumas pessoas de
Patu. Geni é desprezada pela população que grita: “joga pedra na Geni, ela é
feita para apanhar, ele é boa de cuspir, maldita Geni”. Mas no momento em que
um poderoso, vindo de Zepelim, ameaça destruir a cidade todos imploram:”Vai
Geni, voce pode nos salvar, bendita Geni”. Mas quando o poderoso preserva a
cidade, o povo retoma a cantiga: “joga pedra na Geni, joga bosta na Geni, ela é
feita para apanhar, ela é boa para cuspir, maldita Geni”.
Poderíamos mudar o nome de Geni, por “amigo de sempre”,
o genial, aquele que tem o direito de voltar, o carismático ou até o
desmiolado. Não importa. Pois quanto mais pedras jogarem e o povo falar, mais
dele será o voto do povo.
O desmantelado faz e fez mais de 500 casas. Sei que
não foi com o dinheiro dele. Mas há que se dizer que ele foi atrás e conseguiu
que o dinheiro do povo voltasse para o povo. Pavimentou dezenas de ruas.
Organizou lindas festas da padroeira para que as pessoas se sentissem felizes.
Incentivou a participação nos concursos de quadrilha em Natal. E lá Patu foi
premiado. Fez a praça do povo, o posto de saúde do fomento e o módulo
esportivo. Para quem puxar da memória, verá que o desmantelado ajudou demais
aos pobres e o pior, ajudou a muita gente que agora está rica e que está
olhando de cima para baixo, jogando pedras na Geni, pois se imagina voando alto
no Zepelim.
Quando dizem que naquele tempo a saúde não funcionava,
pode haver verdade na afirmação, pois todo mundo sabia que em Patu não
funcionava mesmo. Mas a vantagem era que não se maquiava de boa. As pessoas
eram logo conduzidas a Mossoró ou a Natal onde eram medicadas. As ambulâncias
não paravam de andar pelas estradas. Hoje muitos dizem que em relação à saúde,
funcionam as filas e a esperança de ser atendido. Não existe autenticidade,
apenas imitação.
“Não sei por que é assim, só sei que é assim”. Sou uma
patuense que ama sua terra. Ali me sinto bem, apesar de ser o lugar em que
menos tempo morei.
O mundo está cheio de Genis, muitas pessoas não querem
ou não sabem distinguir o público do privado. O funcionário público tem
compromissos diretos com a comunidade, ficando os interesses particulares em
segundo plano. Quem não respeita o bem público para o bem comum não pode
exercer cargos de compromisso social, por visar apenas interesses particulares.
Portanto não merece o voto de ninguém nas eleições.
Mas de uma coisa tenho certeza “amigo de sempre”
aqueles que agora estão jogando pedras e que já foram pessoas de sua confiança,
serão novamente os babões no momento em que você subir no pódio da prefeitura
municipal. Por isso aceite o conselho: olho aberto, pois lá vem a turma que
apedrejava Geni, de joelhos querendo lavar sua honra e reputação cantando
“Bendita Geni” para o bem do bolso deles, pois para eles Patu melhora e como
melhora.
Concluo dizendo: Valeu amigo desmantelado, pois não
foi desta vez que você e outros denunciados, foram presos, apesar que alguns
opositores já se antecipavam em alegrias e dentro de si atirando pedras na
Geni. Tenho certeza que aos poucos tudo se esclarecerá. E você, amigo de
sempre, será o candidato a prefeito. E se não for, certamente o será seu filho
ou alguém de sua confiança, com muita honra e competência, mesmo que joguem
pedras.
Sem dúvida que muita coisa errada que acontece nesta
terra do contrário, poderia ter soluções a curto, médio e longo prazos, se
acontecessem ações diretas da câmara dos vereadores que semanalmente se reúne,
quando poderia receber sugestões da população, assim exercendo a democracia.
Ainda está bastante distante o ideal do exercício da cidadania, quando alguém
coloca em primeiro plano o ganho financeiro, esquecendo os compromissos com os
eleitores. Em política acontece cada coisa engraçada. Em gestões passadas
recentes, um vereador de Mossoró considerado o mais atuante, não conseguiu se
reeleger. Dentro desta lógica invertida, alguns políticos de Patu acreditam que
não fazendo nada vão ser os mais votados.
E como nesta vida tudo é dialético, não é possível
apresentar apenas luz sem a moldura da sombra, o belo sem o feio, a vida sem a
morte. Por isso quando a gente se adentra nos bastidores das atuações
políticas, percebe que ainda há muitos desafios a enfrentar.