domingo, 12 de agosto de 2012

RELATO SOBRE OS CEM ANOS DO COLÉGIO DE MOSSORÓ


Hoje quero falar com a linguagem do coração, pois minha alma está cheia de emoções, no dizer de minha querida prima Dra. Zita Rocha": Fagulhas de um passado com centelhas de infinito¨.


            Minhas queridas eternas "meninas" do internato do Colégio Sagrado Coração de Maria. Só o nome já exprime grandiosidade, própria dos que possuem a paz no coração e nas ações. Essas fagulhas de ensinamento foram entendidas primeiramente por nossos pais, depois pelas irmãs franciscanas hospitaleiras, que nos fizeram trilhar pelos caminhos da vida, tentando compartilhar o que temos de melhor. Elas eram as colunas que nos sustentaram quando as coisas não iam muito bem. São essas fagulhas que transmitimos em ensinamentos para nossos filhos. E o que de mais admirável nos deixaram, foram os testemunhos de fé profunda naquele que nos continua amando em sua bondade infinita, o querido amigo Jesus Cristo, centro de toda a nossa vida.

            É com esses pensamentos, com um coração transbordando de alegria, que quero comentar o que vivenciei desde sexta feira até domingo, dias em que relembramos a vida de internas em nosso colégio.


            Saimos de Natal às 730 h, rumo à Mossoró. Para constar transcrevo o nome das vinte e tres ex-alunas que residem em Natal cujo nome está em placa afixada em uma das paredes do Colégio: Alexandrina de Paiva Ribeiro; Amália M. de C. Costa; Ana Maria Bezerra Guerra; Eridante Paiva; Francisca Freire da Costa; Iris Paiva Capistrano; Izolda Costa Fernandes; Joana D`Arc Tavares, Maria Alves Correia; Maria Cristina Diogenes Nunes Marcelino; Maria das Graças Fontes de Araujo; Maria do Socorro Brito de Figueiredo; Maria Helena F. de Negreiros Rosado; Maria Luiza Figueiredo Nunes Fernandes; Maria Margarida M. de Figueiredo Lacerda; Maria Marluce S. Brilhante; Maria Vilani Rocha de Oliveira (Provincial); Maria Vitória Cunha; Miriam Tereza de Oliveira Rocha Souza; Mirani Rocha de Melo; Raimunda Gerusa F. Vanderley; Regina Coeli Cavalcante Lemos; Zita de Souza Rocha.

            Hoje somos senhoras, com mente jovem, bem resolvidas tanto no trabalho como na vida, médicas, odontólogas, professoras universitárias, pedagogas e artistas. Somos pessoas que vem lá dos anos 60, anos dourados que transformaram o mundo na música, no vestir com a minisaia e no pensar, incluindo a libertação sexual com a invenção da pílula anticoncepcional. A mulher chegou para ficar, tomar o seu espaço no tempo de Elvis Presley, dos Hippies, dos Rolling Stones, dos Beatles, de Roberto Carlos, Erasmo, Vanderleia, Martinha e tantos outros movimentos ainda hoje lembrados. Era a época da ditadura militar, do "Brasil ame-o ou deixe-o". Do falso amor pela pátria, do temor, da perseguição, prisões e espatriações por causa de pensamentos divergentes a um governo que rasgou a constituição brasileira nas maiores arbitrariedades possíveis ccometidas contra o povo. Uma das integrantes de nosso grupo foi perseguida e inclusive exilada naquela época.

            Chegados em Mossoró, fomos de imediato ao hotel para deixar a bagagem e em seguida entramos no Colégio, aquele que por tantos anos foi a nossa casa e semelhante àquele tempo, lá estvam as freiras a nos dar as boas vindas, provindas lá do fundo do coração. Foi uma emoção tão forte, que não consigo descrever. Almoçamos todas juntas no mesmo local onde outrora já existia o refeitório. Caminhei por todos os corredores tão lembrados em nossos sonhos, a capela onde por vezes tinha preguiça de rezar o terço da tarde, pois o achava muito monótono. Também lembrei dos diversos locais de aulas e estudos, de recreação e esportes e do dormitório no qual em momentos de traquinagem fazíamos uma guerra de travesseiros. Quantas lembranças e saudades daquele tempo em que éramos adolescentes cheias de ideais.


            Às cinco horas da tarde houve a missa solena dos agradecimentos. Quantas homenagens, lindas, lindas de bonitas num misto de surpresas agradáveis quando víamos meninas entrando na quadra de esportes, vestidas com o mesmo tipo de farda de gala que usávamos em dias de festa. Quase ninguém conseguiu conter as lágrimas de emoção. Pessoalmente lembrei dos momentos em que no passado, os rapazes ficavam a nos olhar comentando: "lá vão as meninas do Colégio das freiras, oi, vê, repare naquela..., coisa mais linda...". E mais emoções aconteceram quando foi entoado o Hino do Colégio em que todas relembravamos com saudade os versos:

Por Deus e pela Pátria avante

Ginásio Coração de Maria

Preparai a mocidade vibrante

Pela luta que o bem irradia(bis)

Não deu para aguentar. Chorei, com força, lágrimas de agradecimento a Deus, a meus pais e às freiras por ter tido o privilégio de dizer: "Faço parte dessa história".


             Em seguida aconteceu o jantar oferecido pelas freiras às autoridades e às ex- alunas, momento em que foi apresentado o livro organizado por Francisca Freire da Costa com a colaboração de ex-alunas. Houve além disso, a apresentação de uma revista com o título: "100 anos (1912- 2012)  a iluminar e suavizar educando gerações no ontem no hoje no amanhã",  contando em fotos e entrevistas a caminhada percorrida pelo colégio.

            No sábado, procuramos relembrar, andando pelas ruas de Mossoró, o Cine Pax e o Cine Cid, onde íamos de uniforme, em fila indiana, chamando atenção de todos os que por nós passavam, para assistirmos Noviça Rebelde, Sissi a Imperatriz, os Dez Mandamentos, Ben Hur, Quo Vades, Dr. Jivago, O Vento Levou e tantos outros filmes educativos e de qualidade. Hoje os cinemas não mais existem, mas permanecem as lembranças. Mossoró agora está mais bonita, com suas praças bem zeladas e iluminadas, seus teatros monumentais, o Shopping Center e tantas outras maravilhas. A todo momento fazíamos comparações entre o antigo e o novo. Já era noite quando chegamos de volta ao colégio, onde em seguida houve o jantar de adesão para todas as alunas, momento em que nosso grupo fez a apresentação das grandes mestras do teatro da vida, cantando uma música com a letra de Eridante. Ao mesmo tempo, apresentamos a placa que imortaliza nossa passagem pelo colégio.

            Domingo, voltando a Natal, lembrávamos os momentos em que íamos a Tibau em caminhão aberto, expostas ao sol e ao vento. Agora voltamos bem instalados num ônibus de luxo, com o coração num misto de alegria e saudade do maravilhoso encontro que nos fez crescer interiormente. Reencontramos antigas amigas. Nosso grupo estreitou os laços de amizade que pretende aprofundar mais ainda através dos encontros periódicos, em que as "meninas do colégio" manterão os ideais da solidariedade e a alegria de viver. A todos um abraço e um "xero" de Miriam Rocha.  

3 comentários:

  1. Valeu Miriam , são lindas suas palavras, me emocionei e relembrei minuto a minuto tudo que aconteceu naquele final de semana.

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  2. Publique esta matéria, por favor!

    Debate em Patu

    O município de Patu, localizado no alto oeste potiguar, que se destaca comumente pelas atrações turísticas, nos últimos meses está sendo alvo de um ataque a democracia, a mobilização virtual feita principalmente por jovens nas redes sociais pedindo um debate chama a atenção de todos que por ali navegam.
    Os empecilhos e os obstáculos ficaram para trás, algumas reuniões já foram realizadas, as duas candidatas a prefeita sendo Evilásia Gildênia (PSB) atual prefeita e candidata a reeleição e Irene Magnólia (DEM) candidata oposicionista já foram convidadas a participar do ensaio democrático, o debate é primordial para decidir o voto.
    A apresentação de propostas, de ideias, é proporcionada por meio do debate, o diretor do Campus Avançado de Patu o professor Dr. Josenir Calixta disponibilizou o auditório da UERN da cidade, desde que ambas aceitassem e enviassem a programação de ações.
    No dia 12 de agosto, Irene Magnólia (DEM) aceitou a realização do debate com a seguinte declaração: Quero um debate sim, sou a favor e estou a disposição, respeitando minha opositora e apresentando projetos e soluções para problemas da nossa cidade".
    Enquanto isso a atual prefeita e candidata situacionista Evilásia Gildênia (PSB) não se manifestou, permanecendo em silêncio absoluto a respeito do assunto, o que comprova o ataque à democracia patuense e um desacato à vontade do povo, deixando as pessoas esperando pela sua boa vontade.

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  3. amei ler esta coluna, revivi também um passado que vivia com muita alegria e espero nunca mais me ausentar dessa turma tão querida que foi consagrada de as meninas do gscm

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